Neste ano a Daissen Ji, nossa comunidade zen budista, completa 20 anos de existência. Nesses 20 anos a Daissen contribuiu e continua contribuindo de muitas formas para a propagação do Dharma, e foram anos de muito crescimento, assim como cresce com ela seus praticantes. A comunidade se consolidou, para muitos de nós, como símbolo de amorosidade e acolhimento, e é com grande contentamento que traremos ao longo do ano entrevistas e depoimentos com os monges e praticantes da comunidade, para que por meio da trajetória de cada um possamos conhecer a trajetória da Daissen, pois essas histórias estão interligadas, são interdependentes.
Nesta edição tivemos a imensa alegria de conversar com nossa querida monja Sodô, que compartilhou sua inspirada história como iniciante, praticante e monja. Ela nos conta sobre seu encontro com a Daissen, sobre a criação da Daissen Virtual e sobre seu desenvolvimento junto com a comunidade. Uma entrevista emocionante repleta de ensinamentos e vivências edificantes.
Sua trajetória como praticante e monja praticamente caminha junto com a trajetória da Daissen como comunidade. Por isso, poderia nos contar sobre seu encontro com o Budismo e com a Daissen?
Monja Sodô: Eu vim do Uruguai para o Brasil em setembro de 2001. Eu cheguei aqui e logo após eu vi um livro na mesa do meu pai, um livro budista, que ele tinha ganhado e tinha ficado ali. Eu peguei o livro para ler e disse: “é isto que eu procuro, é aqui que eu me encontro, exatamente isso, assim eu vejo a vida, as coisas”. Então eu vinha numa busca espiritual, em tentar me encontrar e quando passou uns dias, resolvi ficar no Brasil. Quando eu vim eu não sabia se ia ficar ou não.
Eu precisava ir a Florianópolis resolver algumas questões de documentos. Quando fui até lá eu vi um “cartazinho”, na rua Felipe Schmidt, numa esquina, em uma livraria, acho que naquela época era uma livraria, eu não me lembro bem, mas tinham “cartazinhos” desses de A4 impressos, que anunciava uma palestra com o Monge Genshô em Florianópolis. Isso foi em 2002. E eu disse: “nossa aqui tem, eu vou procurar, eu vou tentar ir nessa palestra”. Mas entre resolver umas coisas e outras, eu não consegui ir na palestra. Mas eu pensei: “depois eu vou procurar”.
Eu voltei, para Arroio, 200 km de Florianópolis, na casa dos meus pais, com aquilo na cabeça. Quando eu fui para Florianópolis me estabelecer eu comecei a procurar, fui numa biblioteca procurar sobre o Budismo, não achava nada. Fui num cybercafé, que os jovens de hoje não devem nem saber o que que é isso, era um lugar onde íamos e pagávamos por hora para usar a internet, que estava surgindo naquele tempo. E comecei a procurar sobre Budismo. Tinha alguns telefones, que para mim eram todos do mesmo lugar, depois eu fui descobrir que eram diferentes grupos de prática. Peguei os telefones e comecei a ligar. Um deles entrou em contato comigo, uma pessoa, e ela me mandou materiais para eu ler e me convidou a participar.
Eu lia aqueles materiais e achava aquelas palavras muito bonitas, mas eu não compreendia nada. Também não compreendia como fazer a prática. Então passou o tempo, e eu tinha vergonha de ir no local sem ter a menor ideia do que era. Eu não tinha ideia nem de quem era Buda, o que que era isso. Eu dizia: “Como é que vou num lugar assim, sem ter a menor noção, tão ignorante”. Eu não sei o que passava pela minha cabeça, se eu ia chegar lá e ia ser um monte de monges, eu não sei o que que era, mas eu sei que eu me sentia assim. Até que um dia eu disse: “Bom, eu vou ir. Não sei nada, não tenho a menor ideia, mas eu vou ir”. E eu fui.
A sangha tinha encontros numa sala que era alugada e uma vez por semana numa casa de uma praticante, o dia que eu fui era na casa dessa praticante. E lá estava a praticante e a Suuen san, nessa época era chamada de Juliana. Sentamos as três na mesa, e eu no meio das duas e elas me ensinaram a fazer zazen. Fizemos o zazen, depois sentamos a tomar um chá, e eu fazendo muitas perguntas, e elas me respondendo, principalmente a Suuen san. Tentando me explicar as coisas. Isso foi novembro de 2002.
Eu fiquei sabendo que aquele cartaz que eu tinha visto era da primeira palestra que o Sensei concedeu em Florianópolis e foi organizada por um amigo do Sensei, que é do budismo tibetano, e uma senhora, que era com quem eu tinha falado, que tinha mandado esse material. E essa palestra, foi a palestra na qual estava Suuen san, Guilherme e muitas outras pessoas, que eram as dez pessoas que iniciaram a prática. Após a palestra elas foram falar com o Sensei e ele as reuniu e explicou: “bom, comecem um grupo”.
Naquela palestra nasceu a Daissen?
Monja Sodô: Naquela palestra nasceu a Daissen e eu me uni aquele grupo em novembro, já tinha zafu e zabuton. No início eles faziam com cobertores, eles enrolavam cobertores para se sentarem em zazen. Eu cheguei num momento mais adiantado da comunidade. Já tinha uma sala e tinha os zafus. Continuamos praticando.
Quando se começa se tem uma mente tão limpa, que aceita tudo e não questiona nada, essa mente de principiante, que vamos perdendo lamentavelmente durante a nossa prática. É tão bom a cultivarmos. Suuen san me disse: “eu levanto todo dia de manhã cedo e prático”. E eu escutei aquilo e passei a todo dia levantar de manhã e a praticar. Eu estava num momento privilegiado, porque estava só em Florianópolis, eu não trabalhava todos os dias, meus filhos tinham ficado em Arroio até eu me organizar e poder levá-los, então eu tinha tempo. Eu comecei a intensificar minha prática, porque eu tinha tempo.
O Sensei morava em Porto Alegre nessa época, e ele viajava muito a trabalho, então ele fazia escala em Florianópolis para ter oportunidade de estar conosco. Nós não tínhamos ele presente todo o tempo, nós estávamos sós. A Suuen san era uma líder, é uma líder maravilhosa, que nos guiava, tipo uma mãe para nós, e até hoje segue sendo. É natural dela esse carinho de buscar informações, e trazer para nós as coisas o melhor possível, organizar tudo. Em fevereiro de 2003 fizemos um sesshin, o primeiro sesshin. Era segunda vez que eu via o Sensei, e eu tinha medo de falar com ele. Eu queria muito fazer o dokusan mas eu não sabia nem o que eu ia falar, e perguntei para essa outra amiga: “o que que eu faço? ” E ela disse: “você quer mesmo falar com ele? ”. Eu disse “eu quero, mas eu não sei o que eu vou dizer”. Ela disse: “não tem a menor importância, você vai dizer, chegando lá vai sair alguma coisa, você vai saber”. E praticamente me empurrou, literalmente me empurrou (risos) e eu fui falar com ele, e foi maravilhoso. É a sensação de a primeira vez ser escutada. Então foi muito emocionante e nós éramos muito ignorantes, todos. Continuamos sendo, cada vez nos damos conta o quanto.
Mas no sentido das coisas técnicas, digamos, como acender um incenso, como montar um altar, não sabíamos nada disso, e o professor do Sensei estava longe, então ele também não sabia muitas coisas práticas. Ele aprendia, ele pesquisava e vinha nos ensinar, depois ele passou a ser aluno de Moryama Roshi, que veio até Florianópolis, então conhecemos um mestre. Foi maravilhoso.
Na época, fiquei um tempo afastada da prática pelas crianças, eu não sabia como fazer para voltar. Quando veio Moryama Roshi para fazer uma palestra, eu fui na palestra, levei as crianças e eu disse para o Sensei: “eu queria muito voltar, mas eu não sei como fazer porque eu estou com eles”. E eu não tinha ninguém para deixar as crianças e eles eram pequenos. E o Sensei disse: “leve-os”, e então o Sensei também começou a levar o Dani, que é o penúltimo filho dele, e que tem mais ou menos a mesma idade dos meus, e do meu sobrinho, todos tinham mais ou menos a mesma idade. Então começamos a ter uma prática um pouco diferente, uma prática com crianças, com barulhos de crianças (praticar em meio deles). O Sensei autorizou eles a sentarem em zazen e eles poderiam ficar até quando quiserem sair. Se quisessem sair eles poderiam, porém não poderiam voltar. Depois na hora da palestra, eles vinham para escutar. Era muito interessante isso.
Antes do momento em que eu estava afastada, quando eu ainda estava praticando bastante, eu tive uma pequena experiência e eu disse: “isso que, eu quero mostrar isso para as pessoas, e quero levar isso para as pessoas, e eu vou ser monja”. Então eu olhei para meus filhos pequenos que estavam dormindo, e eu disse: “bom, dentro de dez anos”. Quando aconteceu esse afastamento e esse retorno, nós tivemos um sesshin logo após meu retorno, eu fui, após esse retiro eu fui falar com o Sensei e eu disse a ele esse meu desejo de ser monja, porque, eu tinha pensado em esperar dez anos, mas se eu não pedisse naquele momento eu não sabia se ia ter oportunidade de pedir de novo. Porque eu já tinha me afastado e eu não queria me afastar de novo. Sensei disse que devemos nos deixar levar pela correnteza, então eu realmente queria me jogar na correnteza, para não ter mais perigo de sair. E Sensei me aceitou como postulante.
Na próxima prática no grupo, nós fomos para a prática, e o Sensei propôs que alugasse uma casa, que eu fosse morar lá com os meninos e que dividíssemos os custos. Eu aceitei, a comunidade aceitou, e nós passamos a procurar uma casa adequada para isso. Então alugamos uma casa na rua Felipe Schmidt, foi nossa primeira sede.
Naquela época o Sensei passou a ser aluno de Saikawa Roshi. Eu não tinha feito Jukai, somente Suuen san tinha feito jukai com o mestre anterior. E nós começamos a costurar o rakusu, nos reuníamos todo sábado antes da prática, para costurar o rakusu, estava Suuen san e estava o Sensei nos ensinando, e nós fizemos o jukai nessa casa, Saikawa roshi veio pela primeira vez, e fizemos a cerimônia do jukai. Depois a comunidade cresceu muito nessa casa, e alugamos outro local, que foi a Daissen, onde tinha o restaurante embaixo, que era do Sensei e em cima era a comunidade. E o restaurante permitia manter esse local porque a sangha colaborava, mas com valor irrisório. Era o que podia, então nós estávamos ali quando foi feita minha ordenação em 2010.
Algum tempo antes eu tinha conversado com Sensei sentados ali no banco da comunidade ele me disse: “se eu fosse você eu iria para uma cidade melhor e começaria um grupo”. No momento eu estava confortavelmente trabalhando no que eu gostava, e minha vida estava bem organizada, as crianças na escola e tudo mais, mas ficou aquilo na minha cabeça. No momento que eu fiquei sem trabalho foi a primeira coisa que eu me lembrei. Eu falei: “eu vou para outro lugar e vou começar uma comunidade”. Acabou que eu fui para Brasília (que não é tão pequeno assim). Mas lá tinham pessoas interessadas em começar, isso me fez eu ir para Brasília e começar uma comunidade. Minha ordenação foi dia 25 de julho de 2010 e dia 27 de julho eu desembarquei em Brasília. Eu tinha estado lá antes, por questões familiares. E tinham pessoas lá que tinham interesse de começar, várias pessoas, então eu comecei a conversar com elas, e por isso eu decidi ir para lá para começar uma comunidade, é um pedacinho da Daissen já se espalhando para outro lugar.
Após a comunidade ser estabelecida em Brasília quais foram os passos trilhados?
Monja Sodô: Eu fui para o Japão em 2015, passei nove meses lá, dentro do mosteiro, em treinamento monástico, em 2019 foi meu o hossenshiki, que é a Batalha do Dharma, onde o monge se torna zagen, ele recebe as perguntas da comunidade, dos mestres, sobre o Dharma e precisa responder. O hossenshiki você tem que fazer num templo reconhecido da Sotoshu, na época a Daissen ainda não havia sido nomeada como templo oficial. Então foi no Busshinji de Rolândia, Paraná. A comunidade foi, e foi muito bonito ter essa energia, essa força da sangha. Quando Sensei me disse: “bom, vai acontecer seu hossenshiki”, era para ter acontecido antes, não me lembro porque não deu e ficou para essa data, eu entrei em um processo muito intenso dentro de mim, porque eu tive que vencer muitos leões. Descobri muitas coisas que eu tinha que deixar para lá, muitos medos, e porque os medos, não é? Todas essas travas, esses quereres, essas pretensões que temos, você começa a derrubar para poder enfrentar isso. E eu disse para o Sensei: “Que vergonha, eu não vou saber responder essas perguntas, o senhor vai passar vergonha, Saikawa Roshi também”. “Como é que eu vou olhar a comunidade depois? ’’ E muita coisa assim, e depois do hossenshiki, realmente não fui muito bem, não fui nada bem para ser mais sincera, mas não tinha a menor importância. E isso foi muito bom, sentir essa sensação de não ter a menor importância.
É um momento especial para o monge, porque é só um pequeno passo, mas é um pequeno passo que é público. É um pequeno passo que você compartilha com a comunidade. Porque a transmissão do Dharma, que é a parte mais importante, é um momento entre você e seu mestre, é um momento íntimo. Mas isso é um momento que você vive com a comunidade, e com o apoio da comunidade. Achei um momento muito especial, muito feliz.
Como a Daissen se tornou um templo reconhecido, nós teremos o primeiro hossenshiki. Não sabemos se vai ser este ano ou se vai ser o ano que vem. Mas recebemos isso, acho que todos, com muita felicidade.
Como surgiu a ideia da Daissen Virtual e como foi desenvolver esse projeto? Como a senhora o vê agora, principalmente depois de tempos de pandemia em que ele foi essencial na vida das pessoas?
Monja Sodô: Como monja algumas pessoas nos procuram e nos pedem ajuda, falam conosco sobre seus problemas, suas dificuldades. O fato de nos vestirmos uma roupa faz com que as pessoas se sintam atraídas, acham que sabemos alguma coisa e que por uma magia vamos resolver seus problemas talvez, ou não. Mas na verdade continuamos sem saber nada. Mas tentamos pelo menos escutar as pessoas, e nessas conversas surgiram pessoas que me pediam assim: “monja, eu queria tanto praticar, mas aqui não tem com quem praticar”, e tinha, por exemplo, para mencionar três exemplos de pessoas, na verdade, eu tinha uma conhecida do Uruguai, que me procurou na internet, me disse: “como é que é a prática que você está fazendo, você me explica, me ensina? ”, então eu ensinei ela. Havia uma moça e um rapaz, ela do Peru, ele da Colômbia, que estavam fazendo doutorado aqui e conheceram a comunidade, foram praticar, foram a retiro, e estavam voltando para seus países, disseram: “E agora, como a gente vai fazer? ”, eu disse: “lá tem”; “Mas não é a mesma coisa”. E a Hakue que apareceu também, sempre dizia: “eu queria tanto poder praticar com vocês, eu me sinto tão só aqui”. Ela mora em São Paulo, mas dizia: “aqui tem o Busshinji, porém para mim é difícil ir porque eu tenho minha mãe que precisa de mim”, e ela era professora também, na época, nem sempre podia ir aos encontros.
Então um dia após falar com a Hakue, eu pensei: “eu tenho que fazer alguma coisa para ajudar essas tantas pessoas”. Porque não eram só eles, muitas pessoas me falavam a mesma coisa, e queriam praticar: “E como resolver esse problema? ”. E eu fui para cama com aquela ideia: “Eu tenho que resolver isso. Eu tenho que achar uma solução isso, para poder ajudá-los”. E na época tinha começado faculdade on-line. Então eu fui dormir e eu acordei de manhã com isso na cabeça: a prática online: “Vamos fazer uma prática online, igual fazemos na Sangha, no presencial, mas on-line”. Eu peguei o computador, ainda deitada e comecei a procurar o que tinha on-line. Tinha muitos cursos, muitas coisas de aulas, mas tudo era teórico. Até deveria ter alguma coisa, mas eu não achei. Mandei mensagem para Daniel san, nosso voluntário que cuida da área digital da Daissen, e expliquei para ele, perguntei se era possível, se tínhamos como fazer isso. E ele me disse: “Sim, Monja, tem”. Não sei se no mesmo dia ou no outro dia, ele me mandou: existe essa plataforma assim, assim, e explicou, porque realmente eu não tenho a menor ideia do que é internet, eu vou aprendendo à medida que vou precisando. Então ele me disse: “existe isso, e não sei se vai dar certo” e eu falei: “a gente vai fazer”.
Logo marquei o primeiro encontro. Fizemos nosso primeiro encontro da casa dele, porque lá ele tinha mais tecnologia digamos, mais estrutura. Nesse primeiro encontro estava Doshin, que estava fora do vídeo, estava na minha frente, eu e ele no outro quarto monitorando tudo. Terminamos o primeiro encontro e chorávamos os três. Ele disse: “Monja, eu achei que não ia dar certo, mas eu topei, eu não acreditei que ia dar certo”. Então foi a primeira prática on-line.
Continuamos a praticar e a divulgar isso, mas de uma forma muito precária, como toda comunidade, se começa devagarzinho e vai crescendo. Começamos a fazer uns cursos de módulos, para trazer as pessoas para a prática, e então veio a pandemia. Então transformamos esse primeiro encontro, essa coisa rudimentar, na Daissen Virtual, com mais pessoas, com o Sensei envolvido, com muito mais práticas e mais horários e todos os monges, todos os coordenadores envolvidos, com uma divulgação maravilhosa das pessoas da comunicação. E passou a ser a Daissen Virtual. Lógico que muito diferente, só o fato de o Sensei estar presente já é muito diferente do que era antes, mas foi uma experiência maravilhosa. Ver todas essas pessoas praticando juntas, de diferentes lugares, e tendo essa oportunidade de sentar-se com outras pessoas, de poder fazer zazen com outras pessoas e não se sentirem tão sós. Sentir essa energia. Eu tenho essa sensação de sentir a energia quando eu me sento com a sangha, mesmo a sangha on-line.
O que a Daissen significa para a senhora, em sua vida, como praticante, e em sua vida monástica, qual o significado?
Monja Sodô: A Daissen é minha vida. É tudo, porque a Daissen somos todos nós, a Daissen não é algo separado de nós e nem nós somos algo separado da Daissen. À medida que nós crescemos a Daissen cresce. E não é à medida individual, é o crescimento coletivo. É muito interessante observarmos isso, a comunidade vai amadurecendo à medida que passa e você observa alguns praticantes antigos e muitos novos. Mas um amadurecimento vem junto, o mestre vai amadurecendo, a comunidade vai amadurecendo, cada um individualmente e, portanto, coletivamente. E não importa se você chegou ontem, é como que você apoiasse nos ombros de quem já está a mais tempo e continua esse amadurecimento, continua dali. Então é muito interessante ver isso, essa unidade, que não estamos separados, todos crescemos juntos.
Depois desses seus vinte anos de Daissen e vinte anos como praticante, como a senhora vê hoje a Daissen?
Monja Sodô: Eu acho que eu posso usar a frase do Sensei: “o pico da montanha é onde estão os meus pés”. Eu não sei o que falar, eu não sei o que responder a isso, porque é muito bonito ver a Daissen como está hoje, como estamos todos nós, com toda essa estrutura, as pessoas trabalhando, o Budismo Hoje, o App, o CED, toda uma organização da comunicação, divulgando, a facilidade com que as pessoas têm hoje de entrar ali e praticar com o Daissen Virtual, a facilidade para ter uma entrevista com o Sensei, antigamente tínhamos uma entrevista por ano, no máximo duas se conseguisse ir no sesshin. Hoje toda semana podemos fazer dokusan com o Sensei. E isso é maravilhoso. Estar pertinho tanto do Sensei como dos outros, é maravilhoso. É muito bonito ver todo este movimento, o esforço de cada um que faz isso possível, que faz a Daissen existir e que ao mesmo tempo nos faz crescer. Nos vemos crescer.
Entrevista realizada por Débora Muccillo. Praticante na Daissen Ji. Escola Soto Zen.