Participar da sangha (da comunidade zen aqui de São Paulo), me trouxe mais disciplina para praticar todos os dias. Praticar todos os dias – ou pelo menos me esforçar – me trouxe uma maior condição de ficar com a mente presente. E estar presente me possibilitou olhar, ouvir e sentir de verdade. Não como o pensamento diz que as coisas são, mas pequenos vislumbres aqui e ali de entrar no contentamento, de reconhecer a vida em sua maravilha e ser a vida, com tudo o que é, sem ser separado.
Participar da sangha, (da comunidade online sem limite de espaço físico), no meio da pandemia do ano passado, me trouxe o convite de participar do desafio de praticar junto as seis da manhã. Acordar mais cedo, ouvir os passarinhos trazendo o dia no meio da cidade grande e, juntos, tomar refúgio no Buda, no Dharma, na sangha.
Participar da sangha, (com um professor) me trouxe a possibilidade de ter entrevistas particulares com o mestre, Sensei Genshô. Nestes momentos, compartilhar as minhas dúvidas e questionamentos, e receber orientações precisas e sábias para olhar o cotidiano sobre outra perspectiva, orientações de trazer a mente zen para as várias atividades como oportunidades de ajudar sempre que der.
Participar da sangha (com os mestres do passado) me possibilita me entender de uma outra forma e a lembrar de não esquecer das palavras de Dogen Zenji: “Estudar o Caminho é estudar a si próprio. Estudar a si próprio é esquecer-se de si próprio. Esquecer-se de si próprio é tornar-se iluminado por todas as coisas do universo. Ser iluminado por todas as coisas do universo é livrar-se do corpo e da mente, de si próprio, bem como dos outros. Até mesmo os traços da iluminação são eliminados, e vida com iluminação sem traços continua para sempre”.
Participar da sangha (com o Buda) me traz o modelo de uma pessoa como nós, que conseguiu superar definitivamente o sofrimento. Assim como Sidarta, antes de ser Buda, se inspirou no Buda Dipankara, o Shakyamuni Buda é a fonte de inspiração para entender o sofrimento, as causas do sofrimento e o caminho que traz a libertação do sofrimento.
O caminho que traz a libertação final destes ciclos de impermanência e insatisfação é o caminho óctuplo. Seguindo caminhando com a sangha…
Texto de Felipe de Souza. Praticante na Daissen Ji. Escola Soto Zen.