No Zen Budismo para praticar basta termos um corpo que nos permita fazer o zazen (meditação zen budista onde deixamos repousar a mente). Porém, muitas pessoas gostam de ambientar o espaço onde realizam sua prática. Pessoalmente, gosto de ter um altar perto de mim, pois ele nos remete a alguns ensinamentos importantes do Budismo.
Para montarmos um altar em casa, primeiro devemos escolher um lugar, de preferência que não seja passagem, ou seja, que as pessoas fiquem cruzando pela frente, pois acabará sendo algo mais na decoração da casa e deixará de ser um lugar de reflexão.
Podemos usar uma mesa, uma estante ou um móvel onde possamos apoiar os elementos do altar. Pode-se colocar uma toalha ou um tapetinho se preferirmos.
Na parte posterior e central, colocamos a estátua de Shakyamuni Buddha, de preferência sobre um suporte que o deixe mais elevado. Esse suporte pode ser uma caixinha, um bloco de madeira.
Logo à frente da imagem de Buddha, colocamos um recipiente com cinza de incenso. Quem não tiver a cinza, pode usar arroz. Ali oferecemos o incenso. Entre o Buddha e o incensário, colocamos um recipiente pequeno com água. Á sua direita, ou seja, a esquerda de Buddha, terá uma vela e a sua esquerda, (direita de Buddha) flores. Um a cada lado do incensário.
E está pronto o nosso altar.
Se tivermos instrumentos como Mokugyo (literalmente Peixe de Madeira, um instrumento de percussão) ficará à direita (de quem olha), e os sinos à esquerda. Caso tenha apenas o sino, coloque-o a sua direita.
O importante é manter o altar sempre limpo e em ordem, respeitando o equilíbrio e a harmonia. Lembre-se de trocar a água das flores, assim como retirar os restos de vela do altar e dos castiçais. Manter o altar limpo e em ordem faz parte da nossa prática. Mostra nossa atenção, a dedicação e o respeito com a prática e com os outros.
Procuramos não cruzar frente ao altar, se precisarmos fazer isto, o fazemos de lado ou mantendo distância do altar.
Significado dos elementos de um altar
Imagem de Buddha Shakyamuni
A imagem nos lembra de Buddha, o fundador do Budismo, mas representa o ideal humano. O que almejamos com a prática. A sabedoria. O Buddha que existe em cada um de nós.
A água
Oferecemos água, pois Shakyamuni Buddha faleceu com sede, já que a causa da sua morte foi uma diarreia intensa. Então, ao colocarmos a água no altar nos lembra de termos compaixão para os que necessitam de auxílio.
A vela
A luz da vela significa a sabedoria de Buddha, a iluminação; nos lembra que todos somos capazes de despertar se seguirmos seu caminho com diligência e dedicação.
As Flores
A oferenda de flores simboliza a impermanência de todas as coisas. Tudo nasce, se desenvolve e morre. Nada fica para sempre.
O incenso
O incenso representa a unicidade de todas as coisas. A fumaça do incenso queimando, se espalha e impregna todas as coisas. Passa a ser parte de todas elas. Somos tudo um só. Nada é separado.
Como fazer a oferenda de incenso
Seguramos o incenso com as duas mãos, com três dedos de cada mão (polegar, indicador e médio), na parte debaixo do incenso.
Para oferece-lo, nos dirigimos ao altar em *shashu pelo meu lado esquerdo, e ao chegar em frente ao altar fazemos *gasshō-tezu (gasshō + reverência); damos um passo para o lado direito; levamos o incenso até a testa e depositamos o incenso bem no centro do incensário. Oferecemos incenso desde o topo da nossa cabeça, pois esse é nosso lugar mais alto e ele está abaixo dos pés de Buddha. Damos um passo para a nossa direita e fazemos novamente uma reverência em *gasshō para o altar; giramos sobre o ombro direito, ainda em gasshō e direcionamo-nos para o nosso lugar de prática.
Boa prática!
Texto de Monja Sodô. Monja zen budista na Daissen Ji. Escola Soto Zen.
(*) Para aprender sobre os mudras utilizados no Zen Budismo, como shashu e gasshō clique AQUI.