Os Significados das Posturas das Mãos das Imagens de Buda

 

 Mudrā – Parte 1

 

Já falamos aqui na 5ª edição sobre os mudrās utilizados na prática do Zen Budismo, nesta edição iremos iniciar a série sobre os significados dos mudrās nas imagens budistas representada pelos cinco Budas transcendentais (Dhyani).

Então, vamos lembrar um pouquinho sobre o tema.

Mudrā (Sânscrito, मुद्रा, literalmente “selo”; 印相 inzō em Japonês) é um termo com diversos sentidos de acordo com uso; significando gesto no Yoga, budismo e, na dança indiana; ou posições usadas em algumas artes marciais; ou um dos cinco ingredientes do ritual “panca-tattva“; ou o brinco usado pela ordem kanphata.

O que são Mudrās?

Os Mudrās são um modo não-verbal de comunicação e auto expressão, consistindo em gestos com as mãos e posturas dos dedos. Eles são padrões de dedos baseados em sinais simbólicos tomando o lugar, mas mantendo a eficácia da fala palavra, e são usados ​​para evocar na mente ideias, simbolizando poderes divinos ou as próprias divindades.

A composição de um mudrā é baseada em certos movimentos dos dedos; em outras palavras, eles constituem uma forma estilizada de comunicação gestual. É uma expressão externa de ‘resolução interna’, sugerindo que tais comunicações não-verbais são mais poderosas do que a palavra falada. Muitas dessas posições de mãos foram usadas no Budismo, esculturas e pinturas da Índia, Tibete, China, Coréia e Japão. Indicam aos fiéis de forma simples a natureza e a função das divindades representadas.

Fonte: Wikipédia, Dança Clássica Indiana.

 

O significado e o que simbolizam os Mudrās?

Mudrās são, portanto, gestos que simbolizam o divino se manifestando. Eles também são usados ​​por monges em seus exercícios espirituais de meditação, rituais e concentração, e acredita-se que eles geram forças que invocam a divindade.

Mas um mudrā é usado não apenas para ilustrar e enfatizar o significado de um ritual esotérico. Também dá significado a uma imagem escultórica, um movimento de dança, ou uma pose meditativa, intensificando sua potência em sua forma mais elevada. É uma arte mágica de gestos simbólicos através das quais as forças invisíveis podem operar na esfera terrestre. Isto é, acreditava-se que as próprias sequências, de tais posturas das mãos, acabaram por contribuir para o desenvolvimento dos mudrās da dança clássica indiana.

Outro significado interessante é dado à ideia do mudrā. Isto revela o segredo embebido nos cinco dedos. Em tal interpretação, cada um dos dedos, começando com o polegar, é identificado com um dos cinco elementos, ou seja, o céu, vento, fogo, água e a terra.

Seu contato um com o outro simboliza a síntese desses elementos, significativo porque cada forma neste diz-se que o universo é composto de uma combinação única desses elementos. Este contato entre os vários elementos cria condições favoráveis ​​para a presença da divindade em ritos realizados para garantir algum objeto ou benefício desejado. Ou seja, os mudrās induzem a divindade a estar perto do adorador.

Embora haja um grande número de mudrās esotéricos, ao longo do tempo a arte budista reteve apenas cinco deles para as representações do Buda.

Imagens do Buda que exibem outros mudrās do que estes são extremamente raros.

O significado de cada mudrās pode ser medido pelo fato de que cada um dos cinco Budas transcendentais (Dhyani) é atribuído a um desses mudrās, e eles são invariavelmente retratados em artes visuais apenas com este mudrās particular.

 

  1. Dharmachakra mudrā

 

   Dharmachakra mudrā.

 

Dharmachakra em sânscrito significa a ‘Roda do Dharma’. Este mudrā simboliza um dos mais importantes momentos na vida de Buda, a ocasião em que pregou a seus companheiros o primeiro sermão depois de seu Iluminismo no Deer Park em Sarnath. Denota, assim, a colocação em movimento de a Roda do ensinamento do Dharma. Neste mudrā o polegar e o dedo indicador de ambas as mãos tocam nas pontas para formar um círculo. Este círculo representa a Roda do Dharma, ou em metafísica temos, a união de método e sabedoria.

Os três dedos restantes das duas mãos que permanecem estendidos, são ricos em significado simbólico.

Os três dedos estendidos da mão direita representam os três veículos dos ensinamentos do Buda, a saber:

– O dedo médio representa os ‘ouvintes’ dos ensinamentos.

– O dedo anelar representa os ‘realizadores solitários’.

– O dedo mindinho representa o Mahayana ou ‘Grande Veículo’.

Os três dedos estendidos da mão esquerda simbolizam o Três Joias do Budismo, a saber, o Buda, o Dharma e a Sangha.

Significativamente, neste mudrā as mãos são mantidas na frente de coração simbolizando que esses ensinamentos são diretos o coração do Buda.

Este mudrā é exibido pelo primeiro Buda Dhyani Vairochana.

Buda Dhyani Vairochana.

 

Cada um dos cinco Budas Dhyani está associado com um delírio humano específico, e acredita-se que eles ajudam os seres mortais a superá-los. Assim, acredita-se que Vairochana transforma a ilusão da ignorância em sabedoria da realidade. Ao exibir o mudrā do Dharmachakra, ele ajuda os adeptos a realizar esta transição.

 

Texto e Tradução de Elaine Kôhô光法 . Praticante na Daissen Ji. Escola Soto Zen.

 

Referências:

 https://web.stanford.edu/class/history11sc/pdfs/mudras.pdf

https://www.saindodamatrix.com.br/mudras/

https://www.casamaia.com.br/blog/p/2/post/entenda-o-significado-das-posturas-de-buda

https://www.yogaenred.com/pt/2014/02/19/mudras-dharmachakra-mudra/

 

 

 

 

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