Sapatos Tradicionais Japoneses

 As Diferenças Entre Zori, Geta e Tabi

 

Os calçados foram criados para um propósito funcional, proteger os pés dos efeitos das pedras, calor e bichos e por isso foram sendo aprimorados ao longo dos anos. No Japão, além deste propósito existem algumas diferenças, características incomuns que envolvem uma estética única e cultural bem diferentes do que vemos fora do país.

Foram usados exclusivamente no Japão por muitos séculos, porém mesmo com sua expansão pelo mundo, seguem sendo a melhor escolha para combinar com as roupas clássicas como yukatas, quimonos, happi e o hakama. Outra característica de certos tipos de calçados tradicionais é que não há distinção entre o sapato do pé “esquerdo ou direito”. Dentro de casa, os japoneses sempre têm os pés descalços, e os sapatos tradicionais são projetados como uma extensão do piso. Especificaremos agora as diferenças básicas entre eles.

Começamos pelo “Zōri (草履) ”. São sapatos que nos remetem ao Japão Império, por volta dos anos 794 antes de Cristo. Feitos de palha de arroz ou madeira lacada com sola plana e sem plataforma em seu modelo tradicional, estilos modernos podem apresentar plataformas em alturas variadas. As sandálias femininas são mais arredondadas e as masculinas são mais quadradas.

A facilidade de calçar/descalçar uma zōri remete à tradição japonesa onde não se entra calçado em ambientes fechados e sua história de mais de 2.700 anos se conecta com o Brasil dos anos 60 quando surgiam as Havaianas, que foram inspiradas nestas sandálias.

A forma tradicional de zōri pode ser vista quando usada com outras roupas tradicionais; formas modernas são comuns atualmente, especialmente no verão. Zōri são frequentemente usados ​​em quimonos mais formais e com o acréscimo do Tabi, um tipo de meia grossa que tem apenas a divisão do dedão com os outros dedos. A ocasião influencia na escolha do quimono e do zōri. Não se sabe ao certo como os japoneses criaram o zōri, mas certamente houve influências da China e do Egito, onde se encontra os primeiros vestígios de um chinelo.

 

O próximo calçado é chamado de “Geta (下駄)”.  Antigamente o geta tinha um uso prático de manter o quimono fora do chão e longe das mais variadas sujeiras que poderiam existir. Porém, com o passar dos anos, eles foram se tornando o tipo mais casual dentro dos calçados tradicionais e mais adequados para o yukata: o quimono de verão. O que todos os geta tem em comum é a base de madeira mesmo existindo diversas versões da sandália para diferentes climas e ocasiões.

Um geta clássico consiste em uma peça no formato de placa plana (“Dai”) e duas peças de suporte (“há”, que significa dentes), preso a sua base de madeira há uma alça de tecido resistente e macio chamada “hanao”. Quando usado com yukata ou roupas ocidentais se dispensa o uso de tabi (as meias brancas). Porém se a roupa for um estilo mais formal o tabi costuma ser usado. Os dentes fazem um som de estalo ao caminhar conhecido como “karankoron” e isso é citado frequentemente pelos japoneses mais velhos como algo saudoso em relação ao passado e que falta na vida moderna, a nostalgia.

Dentre as sandálias mais comuns está o “Hiyori geta ou Masa geta”, é o clássico do uso diário. Possui uma base retangular e dois dentes de madeira. Geralmente é feito de madeira natural inacabada, embora também sejam pintados. As tiras podem ser lisas ou coloridas. Alguns estilos modernos de geta do dia a dia não têm dentes, apenas bases de madeira. Para este tipo de geta, usar tabi (meia) é opcional.

Outro estilo de sandália é o “geta Taka-ashida” que, embora parecido ao “geta Hiyori” foram feitos, no passado, para serem usados em ambientes chuvosos e com neve, então são mais altos e finos. Atualmente foram caindo em desuso devido a pavimentação das estradas que diminuiu a quantidade de lama e poça sobre elas.

Outro exemplo é o “geta Ipponbageta”, também apelidado de “Tengu geta” em referência ao demônio “Tengu” da mitologia japonesa. Trata-se de um geta com um único dente longo. É preciso prática para poder usá-los e são reservados principalmente para atores ou utilizados em danças tradicionais e festivais.

Por último temos o “Jika-tabi – (地下足袋)”. Tabi são as tradicionais meias brancas usadas com roupas tradicionais formais. Diferentes das meias comuns, estas possuem uma separação entre o dedão do pé e os demais, permitindo o uso com diversas sandálias japonesas.

Jika-tabi funciona como uma espécie de sapato ou bota. O nome significa algo como “meias que tocam o solo”. São feitos de materiais resistentes como borracha e os sapatos são frequentemente usados ​​por fazendeiros, operários da construção, puxadores de riquixá ou jardineiros.

Texto de Juliana Aires. Praticante na Daissen Ji. Escola Soto Zen.

 

Fonte:

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Zori – Sandálias Havaianas ou Japonesa?

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