I
Pássaros de brisa
E uma parede sem mar
Não vi o boi passar
II
A lua se senta
Fluindo, o rio se senta
Vazio sentado
III
Crianças gritam
Na língua sã do instante
Poesias vãs
IV
O sol caiu no rio
O verão se banhou só
No brio vazio
V
Aqui caiu o tempo
Consta nas nuvens do chão
O templo em que sento
VI
Caem as folhas
Em pé, seco, o pinheiro
Eternas recolhas
VII
Para Monge Genshô
Na rua há lama
Piso e vejo o pico
Belo da montanha
VIII
Vendo este pombo
Ciscar o lixo, belisco-
Me, vejo-me, tombo.
VIIII
Primavera nua
O zen e eu somos pólen
E flor, sol e lua.
Texto de Thiago Roney. Praticante na Daissen Ji. Escola Soto Zen.