Dana – Generosidade

A Segunda Nobre Verdade ensinada por Shakyamuni Buda fala sofre o sofrimento originar-se da cobiça, do apego, dos desejos desenfreados. Por isso, uma das principais práticas do Dharma é chamada de Dana.

Dana significa a prática da generosidade ou o ato de compartir com os outros. É um antídoto contra o apego desmedido, contra o agarrar-se com desespero às coisas.

A cobiça e o apego estão em todos os lugares. Agarramo-nos às nossas posses e não queremos nos soltar delas. O problema é que, quanto mais possuímos, maior será o fardo. A prática da generosidade pode ser de grande ajuda, pois ela é um mecanismo contra a mesquinharia. Além disso, os atos de compartilhar posses com os outros ou abandonar o egoísmo ajudam a abrir nossas mentes para o amor, a bondade e a compaixão. E esses são verdadeiros remédios contra o apego e o desejo.

A generosidade possui formas distintas. Pode-se dizer que existem três níveis de generosidade. O primeiro chama-se “dar com uma mão”. É quando damos porque as pessoas pedem, porque somos pressionados a fazê-lo, ou ainda porque outras pessoas estão olhando. Mas seguramos com a outra mão. Na verdade, não queremos dar e o fazemos com relutância.

Digamos que um mendigo o importune. Para livrar-se dele, você dá algo. Se você já esteve na Índia, provavelmente enfrentou situações em que os mendigos o seguem como uma sombra e não o abandonam até que finalmente lhes dê algo. Essa é uma forma de generosidade, de compartir com os outros. Mas ela possui valor limitado, porque o verdadeiro espírito imbuído no ato de dar é o de realmente se soltar do que é doado, abandonar as coisas. Esse tipo de generosidade é abandono até certo ponto, portanto, incompleto.

O segundo nível de generosidade é o “dar amistosamente”. Quer dizer, damos porque queremos fazê-lo. Porque nos sentimos bem ao fazê-lo. Não é necessária pressão para que o façamos. Se o temos o suficiente para nós mesmos e possuímos o objeto da doação em dobro, ao vermos alguém em situação de necessidade, daremos com um sentimento de amizade.

Se você tem duas bananas e alguém está com fome, você habitualmente dará uma. Essa é uma forma mais elevada de generosidade porque você não é pressionado a fazê-la, ela vem do seu próprio sentimento de amizade e você não está desesperado e firmemente agarrado às coisas.

O terceiro nível de generosidade é o “dar como um rei”. Ao dar como um rei, damos qualquer coisa em qualquer momento. Nós damos a roupa do corpo. Damos nosso último alimento para alguém que esteja com mais fome. Como não existe o pensamento precedendo a ação, damos o melhor que temos. Não existe nenhum apego, nem mesmo a ideia de um “eu” envolvido no ato generoso.

Por Bhante Yogavacara Rahula, monge budista da tradição Theravada.

Disponível em https://www.acessoaoinsight.net/arquivo_textos_theravada/parami.php#T2

 

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