Budismo Hoje

 

Por Monja Coen Roshi

 

Quão mais brilhante for a luz da lua, mais forte será a sombra do pinheiro.” Frase antiga do Zen Budismo japonês.

As palavras nos fazem visualizar a lua e a sombra do pinheiro. Você as viu? Principalmente nesta semana da lua cheia de junho.

Você fez a Cerimônia de Arrependimento?

De quinze em quinze dias – lua cheia e lua nova.  Momentos importantes para avaliarmos nossos compromissos e comportamentos. Onde falhamos? Como podemos nos fortalecer na Sangha, na comunidade em harmonia?

A prática virtual torna possível estarmos juntos de qualquer parte do planeta. De um lado dia, do outro lado, noite.  Refletindo e sendo refletidos nas águas mansas de quem se purifica em zazen.

Banhadas pela luz da lua, nossas sombras se espalham pela terra.

Tantas tristezas nos últimos dezoito meses. Tantas mortes, tantas faltas. Simultaneamente surgiram pesquisas, novas descobertas científicas, curas, cuidados, solidariedade, tecnologia se desenvolvendo. E nós, sobreviventes, somos capazes de apreciar a vida?

Nada fixo, nada permanente.  Já era assim. “Nada é seguro neste mundo”, exclamou o Buda histórico pouco antes de entrar parinirvana.

Também foi Xaquiamuni Buda quem ensinou os Sutras Maha Prajna Paramita: “Nada possui uma autoidentidade substancial, independente e separada. ”

Somos a vida da Terra e estamos todos interligados no processo incessante de transformações, mudanças, nascer-morrer.

Luz e sombra, a lua e o pinheiro são manifestações da interdependência e da impermanência – selos do Dharma.

Não fazer o mal é a primeira das três regras de ouro. Também é o primeiro dos votos da Medicina. Não fazer mal nem a si nem aos outros, nem aos pacientes nem aos médicos nem a todo sistema de saúde pública.

Quando falamos de budismo falamos de engajamento social.  Algumas pessoas consideravam alguns grupos budistas como socialmente engajados.  Na verdade, todos devem estar engajados nas transformações sociais, política e econômicas de uma sociedade.

Buda significa literalmente um ser desperto.  Estar acordado, vivo, participativo, capaz de se manifestar de forma adequado no processo de fazer o bem a todos os seres. Podemos despertar para a mente capaz de incluir tudo e todos.

Mente que se manifesta no dia a dia nos respondendo ao mundo através do discernimento correto, do ponto de vista correto, do meio de vida correto, da fala correta, do esforço correto, da prática correta.

Acessar a sabedoria perfeita e a compaixão ilimitada é o despertar.  Estar absolutamente presente no agora infinito. Meditar o vazio dentro do vazio.  Perceber a coexistência e a transitoriedade. Cuidar com dignidade e respeito de todas as manifestações. Acessar Nirvana e praticar os Seis Paramitas.

Que esta publicação que hoje se inicia, unindo Buda, Dharma e Sangha, possa beneficiar inúmeros seres.

Que todos possam despertar.

Mãos em prece (gasshô)

Texto de Monja Coen Roshi. Primaz fundadora da Comunidade Zen Budista Zendo Brasil.

 

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