Uma Breve História do Budismo – Parte 3

 

 

  1. O Budismo na China Parte I

 

Foi através dos países da Ásia Central que a China veio a aprender o Budismo. Portanto, para se falar da disseminação do Budismo da Índia para a China, é necessário que se diga algo sobre a Rota da Seda. Esta rota, aberta durante o reinado do Imperador WU, da Dinastia Han (140 – 87 a.C), atravessava infindáveis territórios da Ásia Central e ligava o ocidente ao oriente. Por essa época, o domínio de Han se estendia para o oeste, e em países vizinhos como Fergana, Sogdiana, Tokhara e mesmo na Parthia, o espírito mercantilista inspirado por Alexandre, o Grande, ainda estava vigorosamente ativo. Ao longo dessa importante rota que passava por esses países, a seda desempenhava o mais importante papel no intercâmbio comercial, daí o nome de Rota da Seda. Pouco antes ou depois do início da Era Cristã, a Índia e a China iniciaram os seus contatos culturais, através dessa rota do comércio. Assim, essa rota pode ser considerada também como a rota da expansão do Budismo.

A história do Budismo chinês tem início na época em que se aceitaram e se traduziram as escrituras budistas. A mais velha obra da qual se tem conhecimento parece ser a “Ssushih-êr-châng-ching” (O Sutra em Quarenta e Duas Seções Pregado por Buda) feita por Kasyapamatanga e outros durante a era Ying-P’ing (58 – 76 a.D.) do Imperador Ming, da Dinastia Han Posterior; mas hoje é considerada como uma duvidosa história legendária. A abalizada opinião dos estudiosos atribui essa tradução a Na-shin-Kao, que era tradutor em Lo-yang, de 148 a 171 a.D., aproximadamente. Desta época até a era da Dinastia Sung Setentrional (960 0 1129 a.D.), os trabalhos de tradução continuaram durante quase mil anos.  Durante os primeiros anos, os responsáveis pela introdução e tradução das escrituras foram os monges vindos, em sua maioria, dos países da Ásia Central. Por exemplo, Na shin-Kao, acima mencionado, veio de Par thia; K’and–sêng- K’ai, originário de uma região da Samarcanda, chegoua Lo- yang, por volta do século III, e traduziu o Sukhavativyuha (o Livro da Vida ilimitada). Além disso, Chufa-hu ou Dharmaraksha, que é conhecido como o tradutor de Saddharmapundarika, veio de Tokhara e se estabeleceu em Loyang ou Ch’ang-na, em fins do século III até os princípios do século IV.

Quando Kumarajiva veio de Kucha, no início do século V, os trabalhos de tradução atingiram o seu auge. Nessa época, os monges começaram a desenvolver suas reais atividades, ao empreenderem viagens à Índia, para estudar o sânscrito e a doutrina budista. O pioneiro deles todos foi o monge Fa-hsien (339 – 420? A.D). Saindo de Lo-yang em 399 a.D, foi à Índia, de onde retornou 15 anos mais tarde. O mais notável desses monges que viajaram até a Índia foi Hsuan-chuang (600 – 664 a.D), que partiu para a Índia em 627 a.D., aí permanecendo durante 19 anos e daí voltou em 645 a.D. Mais tarde, I-ching (635 – 713 a.D.), (não confundir com o livro I-ching) foi à Índia, por mar, em 671 a.D. e regressou pela mesma rota, vinte e cinco anos depois.

 

 

Referência:

 *Direitos Autorais: Bukkio Dendo Kyokai; A Doutrina de Buda – 17ª Edição – São Paulo, SP; 2014.

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