SHADAYATANA
Sentidos
O quinto elo Shadayatana trata das esferas dos seis sentidos, do nosso corpo e de nossa percepção sensorial. O termo de origem no sânscrito pode ser traduzido como “esferas dos sentidos”. Até aqui os elos correspondiam aos processos imateriais, internos e subjetivos do sujeito, mas a partir de Ayatana, esses processos subjetivos começarão a se inter-relacionar com realidade concreta e objetiva do mundo e expressar de forma intrínseca essa relação sujeito-objeto. Desses processos, emergem em nós um embrião de um sentido de “eu”.
Nesse contexto, que delineiam a individualidade e a dualidade das nossas experiências, podemos entender que nossos sentidos compreendem as interfaces entre nós e os fenômenos; entre nós e o samsara. Ayatana é representado na Roda da Vida por uma casa com seis janelas. Suas aberturas representam a visão, audição, paladar, olfato, tato e mente abstrata. Numa inter-relação com Vijnana é como se o macaco do terceiro elo ficasse preso dentro da casa, espiando pelas janelas e limitado pelas mesmas, apenas observa o exterior avaliando seus potenciais de contato.
As Esferas dos Seis Sentidos podem ser divididas em duas categorias: interna (ayatanani ajjhattikani) significando “portões” e externa (ayatanani bahirani) traduzido por “domínio”. As Seis Esferas Internas referem-se aos órgãos dos sentidos; olhos, ouvido, nariz, língua, tato e a mente e as seis esferas externas que seriam a esfera da forma, a esfera do som, a esfera do odor, a esfera do sabor, a esfera do tangível e a esfera do fenômeno mental. Assim, as esferas externas correspondem aos objetos dos respectivos sentidos. Já as esferas internas correspondem aos cinco sentidos convencionais (visão, audição, olfato, paladar, tato) mais o sentido da mente. É muito interessante explicitar que, nesse contexto a mente é também um órgão sensorial e possui como objeto fenômenos mentais como pensamentos, sensações ou lembranças. Na conjunção das esferas internas e externas emergem as consciências dos sentidos.
Cada sentido age com sua respectiva consciência independentemente. Todos os objetos da nossa percepção penetram em nossa consciência pelo contato sensorial, razão pela qual é tão importante sabermos como proteger nossos portões até os domínios das ações dos sentidos para saber quais objetos externos deixar entrar e quais deverão ser bloqueados. Não esqueçamos que todos os sentidos podem levar a Dukkha.
Texto de Danielle Kreling. Praticante na Daissen Ji. Escola Soto Zen.
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