Sesshin: O mergulho interior

 

Texto da série “Memórias de um Casal de Peregrinos”

 

“Durante o sesshin não se conversa, cada um deve mergulhar em sua aventura interior e descobrir-se.” – Monge Genshō

 

Decidimos passar quase uma semana em alto-mar, mergulhando. Era uma rotina pesada que seguiríamos. Hora para tudo, menos descansar. Eram mergulhos agendados para manhã, tarde e noite. Em nosso minúsculo quartinho, um beliche. Que não me recordo nem de quão duro era o colchão, pois poucas horas ficamos nele. Seguíamos à risca as ordens de nossas instrutoras. Quanto tempo fora da água deveríamos ter entre cada mergulho, quanto tempo poderíamos ficar no fundo do mar e a quantos metros de profundidade chegaríamos. Sempre ter uma pessoa sob sua responsabilidade. Era nossa primeira experiência de dependentes de um barril de oxigênio acoplado ao corpo. No primeiro dia, estudaríamos páginas e páginas de apostila, pois teríamos uma prova inicial nas 24 horas seguintes, como parte dos requisitos para conseguirmos nossa licença de mergulhadores. Checávamos repetidamente nossos cilindros de oxigênio e cada um dos equipamentos. Um do outro, o outro do um. Nosso cenário: a grande barreira de corais. 2.300 km de comprimento e 150km de largura. Um mundo escondido encontrávamos a cada descida. Sempre em dupla. Primeiro, tudo fica incrivelmente ampliado embaixo d’água. Vimos uma infinidade de vidas com as quais nunca havíamos sonhado, e mal sabíamos de suas existências. Não nadávamos, flutuávamos. Dávamos as mãos e não era possível conter as lágrimas. Uma beleza sufocante. Construíamos marcas com aqueles peixes-palhaços, as tartarugas gigantes, brincávamos com peixes-napoleão, tudo em um colorido lisérgico. Um silêncio. Uma paz. Nos treinamentos, eu e Muryo, passávamos nossos reguladores um para o outro, ensaiávamos alternadamente situações de crise. E as vivíamos. Tirávamos os lastros de peso da cintura, e tínhamos que conseguir nos ajoelhar no fundo do mar enquanto éramos puxados para cima por uma força invisível. Soltávamos bolhas, e trocávamos vidas e linguagens codificadas. Juras de amor silenciosas, certezas de que daríamos nossas vidas um para o outro. De que, inclusive, nossa vida nem mais nossa era.

Há menos de 20 dias dessa experiência, estávamos em retiro. Tomando refúgio. Querendo ser refúgio não só um do outro, mas de muitos. De todos. Tudo o que sentia era altamente ampliado. Embora Muryo estivesse no mesmo centro de meditação que eu, não o via. A não ser quando almoçava muito rapidamente e me colocava plantada olhando para uma cerca de onde o veria a uns 100 metros de distância, por menos de 5 segundos – o tempo que ele levava caminhando de ponta a ponta da abertura que as árvores me ofereciam. Acordava mais cedo do que queria, dormia mais tarde do que precisava, comia menos do que desejava, e me sentava em meditação por mais tempo do que qualquer parte do meu corpo – e mais ainda da minha mente – achava ser possível. Sem espaço para decisões próprias. Sem abrir a boca. Meus sonhos e pesadelos pareciam tomar cada segundo da noite.

Checagem dos equipamentos antes de cada mergulho.

Em alto-mar, acordávamos mais cedo do que os tubarões. Por três vezes passei ao lado deles dormindo. O perigo em potencial, o medo da morte, tudo se fazia presente e misturado com a certeza de que é preciso coragem para viver o que não se vive quando se quer ter controle de tudo.

Por vezes, no retiro, pensei sobre a morte. Tive lembranças que me trouxeram sentimentos avassaladores durante as meditações. Mas não me levantava. Não me mexia. Queria me despir de todo medo de encarar o que eu era, para me tornar quem eu poderia ser.

Muryo era quem me ajudava a sair do mar, de forma que eu sempre subia no barco antes dele. E depois dele, nossa dive master[1]. Claire, uma australiana minúscula, de gestos delicados, voz doce, flutuava como quem dança. Morava em alto-mar. Tudo lhe era familiar, e, ainda assim, se maravilhava conosco – não perdera sua mente de iniciante. Auxiliava-nos a nomear os peixes, os corais, as águas vivas e preencher nosso diver log[2].

Naquele dia, eu já estava em cima do deck, era um pôr do sol magnífico. Éramos os últimos de todos os mergulhadores a embarcar. A tripulação estava atipicamente reunida, na parte esquerda do barco, no segundo andar, interessada em algo no mar. A visibilidade era incrível lá de cima. Mesmo do alto do barco, víamos metros e metros de oceano adentro. Naquele fim de tarde, havia ainda uma réstia de sol que pintava o mar, clareando ainda mais suas águas.

Muryo ainda estava com o corpo todo na água, só os braços haviam alcançado a escada. Claire segurou-o firme, e o chamou de volta para o mar. Falou-lhe algo inaudível a mim, e foram. Sumiram da minha visão. Alguns poucos minutos depois, ele retorna ao barco, com olhos arregalados – tão grandes quanto como os via na refração aquática: “Um tubarão. Grande!”

– Você viu de perto?

– Uns 5 metros.

– É perigoso?

– É um tubarão. – Risos.

Claire me chamava. Sorria tanto que embaixo daquela parafernália toda eu via seus olhos felizes. Fui deixando Muryo no deck. Voltei para o mar sem meio entender o que estava me levando a fazer aquilo. Queria viver junto. Experienciar e ser um em dois corpos.

Nós duas nadávamos em direção à criatura que parecia se afastar de nós. Mantínhamos, entretanto, uma distância segura. De repente, vira-se para trás, e vem certeiro em nossa direção. Claire aperta minha mão com uma força que não parecia corresponder à sua mirrada massa corpórea. Coloca-se entre mim e ele. Tenta envolver meu corpo. Ele sem encostar em nós, simplesmente, desvia e segue sua sina. Seus olhos ainda os vejo. A meio caminho do barco, está Muryo, que, mergulhando de volta no mar, veio ao meu encontro para morrer junto. Não foi preciso. Não desta vez.

Os mergulhos são feitos em grupos de no mínimo duas pessoas, um cuida da segurança do outro.

Claire contou-nos que a última vez que havia visto um tubarão desses fazia já quase dois anos – em um mergulho que fizera na África. E nada tão perto como acabávamos de viver lá. Se sentia forte, porque fazia o que era para ser feito – “era nossa dive master, devia-nos a proteção”.

Hoje, parece que entendo – ou sinto – mais os ensinamentos proporcionados por esses eventos. Há poucos dias, li um relato pessoal de Uchiyama Roshi em que ele contava o quão fraco se sentia por ter sido uma criança que havia vivido uma criação em que foi poupado de riscos, em que tudo era visto como perigoso. E o quanto ter se tornado monge o modificou, graças às restrições e imposições que a atividade exige. Diz ele: “Em um mosteiro, por mais fraca que seja a nossa determinação, temos de nos levantar às quatro horas da manhã, quando ouvimos o sinal de despertar. Não importa quão cansados estejamos, temos que nos sentar em zazen. […] Uma vez que todos os monges na comunidade fazem as mesmas coisas da mesma maneira, devemos sempre trabalhar juntos em harmonia com os outros, mesmo que não gostemos do trabalho ou das pessoas” (p.198).

No início do nosso caminho no Dharma, escutamos de muitos familiares, amigos, mas também de outros praticantes, questionamentos quanto à quantidade de dias de retiro que nos propúnhamos a passar por ano. Diziam: “mas vocês já não sabem meditar? Por que precisam encontrar-se com professores e outros praticantes? ”, “não é exagero? ”, “não acham uma prática muito austera? ”. Só nós sabíamos o quanto nossa mente, hábitos, projeções mudavam. E o quanto víamos que poderíamos ser tão diversos, que, um dia, seria até mais conveniente que recebêssemos outro nome. Logo, os anos foram passando e os mesmos parentes e conhecidos começavam a perceber que já não éramos os mesmos.

Isso não significa que, na medida em que praticamos, nos aproximamos cada vez mais de atingir algum objetivo, ou de obter algo para o benefício do nosso próprio ego. [Avançamos] precisamente [na] capacidade progressiva de desprender-nos dos nossos objetivos e expectativas, ou seja, não esperar nada como resultado da prática. Assim deixa de existir uma separação entre a atividade e quem a realiza” (QUINTERO, 2022, p.88). O silêncio atento traz muita sabedoria, coragem e percepção. E em ato revolucionário, contra tudo o que se espera ser uma revolução, sentamo-nos. Para nos colocar entre tubarões e outros, porque, de fato, somos tubarões e outros.

Com a nossa dive master australiana e seu assistente

O Sabor Único da Vacuidade

 

“Zazen é entrar diretamente no oceano da natureza búdica e manifestar o corpo do Buddha. A mente pura e clara é atualizada no momento presente; a luz original brilha em todos os lugares. A água do oceano não aumenta nem diminui, e as ondas nunca param. ” (KEIZAN, Zazen-Yōjinki,  In: Soto Zen, 2017. p. 87)

 

Keizan Zenji nos convida a um mergulho que nos leve ao encontro da luz original encontrada nas mais profundas águas do “oceano da natureza búdica”. Antes de chegarmos à luz, no entanto, costuma haver muita escuridão, como é de se esperar das profundezas. Se perder é fácil, por isso é imprescindível seguirmos os ensinamentos de nossos mestres. Nos deixamos guiar por suas lamparinas até que, quem sabe um dia, nos deparemos nós mesmos com faíscas da luz original.

Ele [Suzuki Roshi] morreu durante o primeiro período do retiro de meditação conhecido como rohatsu sesshin, que celebra a iluminação do Buddha Shakyamuni. Ele morreu no andar de cima enquanto no andar de baixo 132 pessoas estavam sentadas eretas na sala de meditação. Sua vida fluiu para a prática de seus alunos.” (ANDERSON, 2001, p.XXI). A descrição da morte de Shunryu Suzuki Roshi, feita por seu discípulo Reb Anderson, me marcou. Quando fechei o livro e fui caminhar com Kakuji, falei para ela minhas impressões e, naquele momento, senti nitidamente que as vidas dos ancestrais fluem em nossa prática diária. Cada vez que nos sentamos em nossos zafus, estamos mergulhando no caminho de Buddha acompanhados por todos eles.

No sesshin, nossa prática é fortalecida pelo grupo e os incensos, as prostrações, os ritos e os sinos criam uma aura atemporal e é comum que em poucos dias sintamos como se estivéssemos vivendo em um outro mundo. Completamente submersos, nos permitimos ser arrastados pela correnteza de uma história muito maior do que nós mesmos.

Espaço onde mais de 70 pessoas mergulharam

O mestre Suzuki esclarece que no sesshin, tudo é cuidado pela equipe responsável por sua organização, de forma que aos participantes só resta praticar profundamente. “Apenas sente-se e veja o que acontece. Tente manter a postura correta, de acordo com as instruções, seguindo as regras. Seguir as regras permite que vocês se encontrem. As regras permitem que vocês saibam que horas são, quando comer e como caminhar. (…) As regras não são algo para limitá-los, mas algo para dar amparo à sua prática.” (SUZUKI, 2002, p. 104)

Vemos, portanto, que em um retiro silencioso, como Kakuji disse anteriormente, as decisões pessoais são abolidas. Consequentemente, os pensamentos discriminativos perdem força por não poderem se transformar em palavras e as vontades não comandam nossas ações. Thich Nhat Hanh diz que “nós somos o somatório do que pensamos, dizemos, fazemos. Assim como uma laranjeira produz lindas flores, folhas e frutos, nós produzimos pensamentos, palavras e ações” (NHAT HANH, 2017, p. 36). Em um sesshin, nos colocamos em um ambiente no qual não proferimos palavras e não escolhemos as ações que tomaremos, pois agimos em conformidade com as regras grupais, e o que nos resta são os pensamentos. Hora após hora, de frente para a parede, surgem memórias, projeções futuras, narrativas imaginativas e a cada vez que nos damos conta disso, seguindo as instruções, voltamos ao presente. É preciso “pegar a mente viajante e a cada instante trazê-la de volta; isso é muito difícil. Então, não basta se sentar quieto, é necessário esse esforço mental, uma luta real para trazer a mente de volta; estar presente, não se deixar distrair. O sesshin, um longo retiro, é o melhor momento para isso, pois repetimos um zazen após o outro.” (GENSHō, 2022, p. 47)

O presente tem temperatura, cheiro, luminosidade e nele pode haver – e em um retiro é muito provável que haja – dores. Como nos explica Genshō Sensei, podemos fazer das dores nossas aliadas, pois elas nos trazem de volta para o aqui e agora, nos ancoram para que não sejamos levados pelas correntes de pensamentos. Reb Anderson diz que “Há dor ao redor do assento de meditação de cada Buddha.” (idem, p. 182) e o mestre Yunmen ensinou que “todos os Buddhas estão constantemente girando a roda do Dharma em meio a chamas ferozes.” (Ibid)

Recordando o falecido músico e monge Zen Leonard Cohen, “há uma rachadura em todas as coisas e é por ela que a luz entra[3]. É nas dores, nos sofrimentos, que há espaço para a luz entrar, pois sem desconforto não se busca mudanças. Para nós, o maior exemplo vem do próprio Siddharta que tinha uma grande angústia existencial e só por isso iniciou e persistiu em sua busca.

Mas para serem libertadoras as dores físicas e psicológicas, que podem surgir com o encarar silencioso da parede à nossa frente, é preciso que abandonemos uma visão autocentrada delas e que percebamos sua essência universal. A mestra Zen norte-americana Joan Halifax[4] disse que podemos transformar nossas experiências de raiva, tristeza e angústia em insights e sabedoria. Assim como monges da antiguidade praticavam em cemitérios a céu aberto, em meio a corpos em decomposição, para terem insights sobre anicca e dukkha[5], nós devemos praticar sentados em meio às nossas próprias dores, pois elas nos ligam ao sofrimento de todos os outros seres da mesma forma que a contemplação dos mortos nos conecta à fragilidade de nossas manifestações. Por meio de nossa prática, segundo ela, podemos usar nossa experiência pessoal insatisfatória como um canal para acessarmos o sabor universal do sofrimento e para assim sentirmos o sabor único da vacuidade.

Praticantes a caminho do almoço em um sesshin

Todos esses processos descritos acima são sabedorias transmitidas por mestres que conhecem o caminho, mas uma vez que intelectualmente entendamos, ainda que apenas parcialmente, precisamos também abrir mão de tudo e apenas nos sentarmos sem objetivo, pois até mesmo o “desejo de acabar com o nosso sofrimento é [ele mesmo] outra causa de sofrimento” (OKUMURA, 2010, p. 44).

O que precisamos, logo, é praticar o puro shikantaza sem qualquer ambição. Okumura Roshi conta que respondendo à pergunta “se todos temos natureza búdica, porque precisaríamos praticar?”, Dōgen Zenji disse: “apenas pratique’; não porque queremos escapar do samsara, não porque queremos atingir o nirvana, mas apenas praticar aqui e agora mesmo sem nenhuma agenda. Com esse tipo de prática, nirvana já está aqui. Claro que quando praticamos dessa forma, samsara também está aqui. Então, com essa prática, nesse momento, ambos, nirvana e samsara, estão presentes.” (Ibid., p. 45).

No sesshin, temos a oportunidade de mudar a maneira de perceber o mundo. “Mas isso não é feito por intermédio de um processo discursivo ou raciocinado, senão por uma limpeza extensa” (GENSHō, op. cit., p. 113). Abandonamos recordações e expectativas para abraçar a vida sem filtros. “Você se senta e volta para a realidade tal como ela é. E a única realidade verdadeira é este momento presente, as coisas tais como são agora.” (ibid.)

Kazuaki Tanahashi certa vez afirmou: “Alguns anos após trazer os ensinamentos Zen da China, Dōgen tentou construir um pequeno salão para os monges. Ele disse em sua carta de angariação de fundos: ´Nós iremos engajar-nos completamente em cada atividade para cultivar condições férteis para transformar as dez direções´. Esta é uma declaração ultrajante. Ao encarregar-se de cada mínimo detalhe da vida – sentar, andar, cozinhar e limpar – ele queria mudar o mundo.[6]

Diferentes pessoas mergulhando juntas em um sesshin

E ele mudou. Mudou seu mundo e o de cada um de seus discípulos e muda, também, o mundo de pessoas nascidas do outro lado do globo séculos após sua morte. Agora, no início junho, Florianópolis sediou o sesshin anual de inverno da comunidade Daissen e lá dezenas de pessoas, em silêncio, se sentaram por horas, um dia após o outro, ombro a ombro, repetindo a prática de nossos ancestrais. Pessoas com diferentes histórias de vida, mas com marcas kármicas fortes o suficiente para estarem naquele momento, juntas em um grande mergulho, transformando suas mentes e, portanto, o mundo.

 

 

 

Texto de

Monge Muryo 無量, Monge na Daissen Ji. Escola Soto Zen.

Monja Kakuji 覚慈, Monja na Daissen Ji. Escola Soto Zen.

 

 

Referências:

ANDERSON, Reb. Being Upright: Zen Meditation and the Bodhisattva Precepts. Shambala Publications, 2001.

GENSHō, Meiho. Além do Pico da Montanha: Ido Chega à outra Margem. Daissen, 2022.

JOKIN, Keizan. Zazen-Yōjinki: Things We Should Be Careful about Regarding Zazen. In: Soto Zen: An Introduction to Zazen. Sotoshu Shumucho, 2017.

NHAT HANH, Thich. A Arte de Viver. Harper Collins, 2017.

OKUMURA, Shohaku. Realizing Genjokoan: The Key to Dogen’s Shobogenzo. Wisdom Publications, 2010.

QUINTERO, Densho. Duvidar da Própria Compreensão. Daissen, 2022.

SUZUKI, Shunryu. Nem Sempre é Assim: Praticando o Verdadeiro Espírito do Zen. Religare, 2002.

UCHIYAMA, Kosho. Zazen Meditation Handbook: A translation of Eihei Dogen’s Bendowa. Tuttle Publishing, 2021.

 

[1] Instrutor de mergulho

[2] Livro de registros dos mergulhadores no qual se anota detalhes técnicos de cada mergulho.

[3] COHEN, Leonard. Anthem. Acesso em: https://genius.com/Leonard-cohen-anthem-lyrics

[4] HALIFAX, Joan. The Practice of Emptiness. Acesso em: https://www.upaya.org/2021/12/halifax-practice-emptiness-fpp2021-6-n/

[5] Impermanência e insatisfatoriedade.

[6] TANAHASHI, Kazuaki. “Por que Dogen? As palavras de Dogen podem ser um bom lembrete dos milagres de cada instante”. Acesso em: http://bodisatva.com.br/por-que-dogen/

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