Diferentes Caminhos para o Fim do Sofrimento

Um Olhar Sobre Algumas Técnicas Budistas de Meditação

 

Após nosso contato inicial com a meditação budista, passamos alguns anos viajando pela Ásia para estudar e experienciar diferentes tradições e técnicas. Sentimos que cada uma delas contribuiu de forma e intensidade diferentes para o nosso amadurecimento no Dharma e para a nossa escolha final pelo Zen como um caminho para a vida. Vamos compartilhar um pouco da nossa experiência pessoal em relação às abordagens que mais nos marcaram.

Por anos, nossa prática principal consistia em três tipos, complementares, de técnicas: Vipassana, Anapana e Metta Bhavana. Além disso, tivemos experiências com o Budismo Tibetano e com o Zen da linhagem vietnamita do mestre recentemente falecido Thich Nhat Hanh.

Enxergamos o Budismo Vajrayana Tibetano como um universo à parte, com suas sadhanas, visualizações e mantras. Fizemos alguns meses de retiros e cursos, em Dharamsala, no Norte da Índia, quase sem pausas entre eles, para experienciarmos esse complexo universo tântrico. Tivemos a oportunidade de ver de perto o resultado inquestionável de tais práticas na bondade do olhar de alguns praticantes anciãos e na sabedoria das palavras e atitudes de alguns professores. Entretanto, decidimos após tal experiência que nosso caminho seria outro. Pessoas diferentes se identificam com métodos diferentes, o que é bom para uns, pode não ser tão adequado para outros. Por isso, é preciso ser pacientemente criterioso ao se escolher o caminho que se seguirá e, então, uma vez decidido, se dedicar profundamente à sua escolha para que sua prática comece a realmente fazer sentido.

Dentre as diversas técnicas que aprendemos com os tibetanos, uma, de fato, levamos conosco por alguns anos. Dalai Lama explica tal técnica por meio do seguinte verso:

 

Em resumo, que eu ofereça benefício e alegria

A todas as minhas mães, direta e indiretamente,

Que possa calmamente tomar sobre mim

Todas as mágoas e dores de minhas mães.[1]

 

Dentro do budismo tibetano, constantemente, para alcançar bodhicitta, traz-se à mente a ideia de que todos os seres um dia foram ou serão nossa mãe. Daí o verso acima referir-se à “prática de dar e receber” (tong len, em tibetano). Segundo Dalai Lama essa técnica vem do fato de ser “por meio da visualização de dar e receber que praticamos a equalização e a troca com os outros”. Lama Zopa Rinpoche, aconselha que na prática de Tong Len recitem-se versos, como o de Nagarjuna:

 

Não importa quais sejam os sofrimentos dos seres sencientes,

Que eles amadureçam em mim.

Não importa qual seja a felicidade que eu tenho,

Que ela amadureça em os seres sencientes.[2]

 

Trata-se de trazer a mais profunda compaixão para si. Depois, visualiza-se um ser que esteja sofrendo, podendo ser uma única pessoa, um grupo de seres, que você conheça ou não pessoalmente. Você deve pensar nos aspectos de dor e angústia desses seres, transformando-os, por meio de imaginação e visualização, em uma fumaça escura, suja, poluída. Conforme inspira, você absorve a fumaça, que, por sua vez, vai destruindo seu auto apreço e purificando seu coração, por meio da compaixão previamente gerada. Ao expirar, você envia uma luz brilhante de paz, bem-estar e felicidade ao ser do qual você extirpou a dor. O que nos conectou ao Tonglen foi o ataque direto ao “self” que ele proporciona, e a abertura ao sofrimento do mundo.

De qualquer forma, desde o princípio, nos sentimos verdadeiramente ligados a duas vertentes do Budismo: o Theravada da Tradição da Floresta e o Zen. Por isso, no presente texto, buscaremos relatar um pouco de nossas experiências e elaborar algumas observações sobre as práticas que nos foram ensinadas nas duas linhas (no caso do Zen, especificamente na abordagem vietnamita praticada pelos monges da Plum Village).

Entre os Theravadas, o Satipatthana Sutta é o grande guia para a meditação. Encontramos, entretanto, pequenas diferenças de abordagens, dependendo do monastério ou do centro de meditação no qual estávamos. Porém, a essência da técnica é sempre a mesma: a observação atenta e concentrada da respiração, das sensações, da mente e dos objetos mentais. Não se trata, porém, de quatro técnicas diferentes, mas sim de uma metodologia que usa quatro “molduras” como foco para o desenvolvimento da atenção. Segundo Thanissaro Bikkhu, “satipatthana é um processo, uma maneira de estabelecer (upatthana) atenção plena (sati)”[3].

Em outro texto, Thanissaro entra em maiores detalhes: “Os quatro quadros de referência (satipatthana) são um conjunto de ensinamentos que mostram onde e como um meditador deve focar a atenção. Esse duplo papel – o “onde” e o “como” – se reflete no fato de que o termo satipatthana pode ser explicado etimologicamente de duas maneiras. Por um lado, pode ser considerado como um composto de sati (atenção plena, referência, a capacidade de manter algo em mente) e patthana (fundamento, condição, fonte), portanto, referindo-se ao objeto mantido em mente como um quadro de referência, para dar contexto à experiência de alguém. Alternativamente, satipatthana pode ser visto como um composto de sati e upatthana (estabelecer-se perto, ficar perto), referindo-se, assim, à abordagem (o como) de manter algo em mente, de estabelecer e manter um sólido quadro de referência. Os estudiosos estão divididos quanto à interpretação correta, mas, para todos os efeitos práticos, ambas são corretas”. (BIKKHU, Thanissaro, 2004, p. 73)

A base do método é a respiração. É a sua observação que vai acalmar e focar a mente e é ela, também, que vai revelar o estado de espírito do meditador. Uma mente agitada e ansiosa inevitavelmente irá resultar em uma respiração mais rápida e inconstante, assim como uma mente estável gerará uma respiração com a mesma qualidade. Não se trata, no entanto, de exercício yogi de pranayama. Apenas observa-se a respiração, sem nunca tentar intervir e sem nunca a julgar. Se a inspiração é longa ou curta, tomamos consciência disso, se a expiração é suave ou afobada, também nos tornamos conscientes, nada além. Não se busca, artificialmente, torná-la mais lenta para com isso acalmar a mente, mas ao observá-la, diligentemente, acaba sendo uma consequência natural que seu ritmo se pacifique.

Ao mesmo tempo, porém, não se trata de algo passivo. Thanissaro explica que “às vezes, atenção plena é traduzida como consciência não reativa, que não possui um objetivo, estando simplesmente presente simultaneamente com o que quer que surja; mas a fórmula para satipatthana não comporta essa tradução. A consciência não reativa é, na verdade, parte da equanimidade, uma qualidade fomentada ao longo do satipatthana. Mas o ardor envolvido em satipatthana definitivamente tem um objetivo – sendo a promoção da equanimidade parte de sua tarefa –, enquanto o papel da atenção plena é manter sua tarefa em mente.”[4]

Assim, observam-se as sensações no corpo, do topo da cabeça aos dedos dos pés. Dependendo da linha do professor, poderá haver instruções para uma sequência rígida e detalhada (do tipo “observe o topo da cabeça, mova atenção para a orelha esquerda, depois para a direita, desça pelo rosto, pescoço, ombro esquerdo” e assim por diante) ou simplesmente instruções para que a atenção se mova em grandes blocos (como, por exemplo, “observe as sensações que tem na cabeça neste momento, agora no tórax, nas pernas, etc.”). E em níveis mais avançados, a atenção é colocada dentro do corpo, no tecido muscular e, até mesmo, nas entranhas. Com o aumento da experiência e das horas de prática, são notadas sensações cada vez mais sutis, antes completamente imperceptíveis.

Há ainda diferentes abordagens quanto ao foco da respiração. Alguns recomendam que foquemos no subir e descer do abdome, no intuito de, desde o princípio, conectar a percepção da respiração à do corpo em sua totalidade. Há quem instrua, também, que se atente ao roçar do ar na entrada das narinas, para que, com isso, a mente se torne cada vez mais afiada e precisa. Independente de tais diferenças, o importante é que a mente sempre fique na respiração. Nas palavras do mestre tailandês Ajahn Chah:

Sente-se e observe a inspiração e a expiração, fique à vontade com isso. Não permita que sua mente se perca. Se ela se perder, então pare, olhe para ver onde ela está, por que ela não está seguindo a respiração. Vá atrás dela e traga-a de volta. Faça com que fique com a respiração e, sem dúvida, um dia você verá a recompensa. Apenas continue fazendo isso. Faça como se não fosse ganhar nada, como se nada fosse acontecer, como se você não soubesse quem está fazendo, mas continue fazendo assim mesmo.”[5]

Ao se tornar o observador do seu próprio corpo e mente por horas e horas, dia após dia, em um retiro, inevitavelmente você irá se deparar com a impermanência. Perceberá que dores excruciantes desaparecerão de um segundo para o outro, assim como toda e qualquer sensação prazerosa o abandonará em algum momento durante a sessão. E isso nos leva ao próximo importante conceito budista, a equanimidade. Toda a estabilidade mental adquirida a duras penas se esvai quando aquela persistente dor no joelho ou nas costas volta em uma pontada vigorosa, ou quando toda a sensação de paz alcançada na sessão anterior simplesmente dá lugar à velha mente de macaco bêbado pulando de galho em galho, de pensamento estúpido ou relevante a projeções fantasiosas ou, ainda, lembranças terríveis. A partir daí, é necessário um esforço consciente para se voltar à respiração e às sensações repetida, paciente e resignadamente até que a aversão comece a se dissolver. E o mesmo vale para a avidez que acompanha pensamentos e projeções que nos desconcentram. Dessa maneira, bem aos poucos, em um caminho cheio de idas e voltas, começamos a perceber, não mais em teoria, e sim como resultado da prática, que não somos nossa raiva, nossas dores, nossos prazeres, nosso apego, nossos desejos.

Mas se não somos nada disso, o que seríamos? Essa é a grande pergunta! E ela deverá levar todo grande praticante ao mais desafiador dos conceitos: Anatta (em Pali) ou Anatman (em Sânscrito), a ausência de um Eu. Monge Genshô explica que “existe um quantum que irá se manifestar, uma coesão, mas você não pode dizer ‘sou eu’. É você, mas não é você. O ‘eu’ não está ali e, apesar de existir algo que continua, esse não é um ‘eu’, pois um ‘eu’ não pode continuar. Isso é o que significa ‘anatman’, não há uma partícula eterna que carrega outras coisas. É o próprio movimento que faz os acontecimentos, é o carma se movimentando que gera uma manifestação que diz ‘eu sou’, isso é ‘anatman’, não eu.”[6]

Nossa experiência pessoal mostrou que existe um padrão que acabava se repetindo, com maiores ou menores variações. Tal processo era mais ou menos o seguinte: 1. Alcance de um nível de concentração e estabilidade mais alto; 2. Perda da estabilidade pelo surgimento de pensamentos persistentes, sensações agradáveis ou desagradáveis e consequentes desenvolvimentos de apegos e aversões; 3. Frustração, desânimo ou raiva pela perda da concentração; 4. Tomada de consciência e retorno para o processo básico de observação da respiração e das sensações; 5. Retomada (ou não) da estabilidade.

Em retiros silenciosos, solitários e mais longos, de 15, 20 ou 30 dias, percebíamos que, ao menos para nós, existia uma tendência de se passar dias inteiros de maior calma e tranquilidade que acabavam sendo invadidos por tempestades e que ao final do processo, quando voltávamos “para o mundo”, nossos problemas pareciam muito menores e os desejos e ódios que nos atravessam parecem muito menos “nossos” do que de costume.

Thich Nhat Hanh, tem um livro muito interessante, no qual analisa o Satipatthana Sutta, cujo título em português é “Transformação e Cura: O Sutra Sobre os Quatro Estabelecimentos da Mente Atenta”. Nele, o autor explica que “a mente atenta não agarra, empurra, repreende ou reprime, de modo que a verdadeira natureza de todos os Dharmas possa se revelar sob a luz da observação consciente. O fato de que a natureza impermanente, sem eu e impura de todos os Dharmas tem o efeito de causar sofrimento, pode ser visto enquanto observamos os Dharmas (…)”.

Assim, nos parece que o Satipatthana Sutta nos ajuda a estabelecer um observador de “nós mesmos” equânime, para, aos poucos, nos conduzir à constatação de que não somos quem pensávamos ser, não somos os objetos observados (lembrando que, nessa técnica, tais objetos observados são nossos próprios corpos e mentes). Desenvolve-se e alimenta-se um observador que ao final da caminhada terá também de ser abandonado.

A meditação caminhando

 A meditação pode, e deve ser feita quando estamos sentados, em pé, deitados ou caminhando. A prática principal é sentada com as pernas cruzadas ou em uma cadeira, em caso de alguma limitação física, mas também é comum se receber instruções para se meditar nas outras posturas.

Meditar caminhando serve como um grande alívio físico, e mesmo mental, após as longas sessões sentadas. Mais uma vez, existem diferentes abordagens. Aliando o movimento dos pés à respiração, alguns professores pedem que se conte os passos, outros, que se recite o mantra “Buddho” repetidamente (ex: ao pisar com o pé esquerdo, inspiro e digo, mentalmente, “Bud”, ao avançar com o direito, expiro e digo “dho”), já outros instruem para que silenciosamente sintamos as diferentes partes da sola dos pés tocando o chão sincronizando a respiração com os passos.

De forma geral, é isso, mantemos o olhar baixo e o foco mental estritamente na ação dos pés e no ar que entra e que sai dos nossos pulmões.

Quando passamos nossa primeira temporada na Plum Village da Tailândia, no entanto, nos deparamos com algumas diferenças que somente depois, de nos tornamos de fato, praticantes Zen, viemos a entender que não eram acidentais. Antes de falarmos sobre tais diferenças, é preciso esclarecer que lá, também, era praticada a meditação caminhando, entre sessões nas quais permanecemos sentados, para recuperar a circulação nas pernas e aliviar qualquer dor que tenha surgido, e que ela é feita da forma tradicional do Zen: em fila, muito lentamente, olhar baixo, em sentido horário. O que iremos relatar a seguir é um tipo complementar de meditação que acontece diariamente naquele monastério.

Não havia muita instrução sobre a prática. Quando nos sentávamos, era para simplesmente sentar-se. E quando caminhávamos, apenas nos era dito para caminhar em silêncio, estando presentes e atentos. Tais caminhadas aconteciam ao ar livre, sempre nas primeiras horas da manhã, quando o sol estava ainda escondido. Os monges se dirigiam silenciosamente até uma área aberta esperando todos se reunirem e, de lá, sem que uma palavra fosse dita, começavam a caminhar lentamente. A diferença começava a ser desvelada quando alguma monja parava no meio do caminho para observar uma mariposa e logo outras duas, cinco, dez companheiras de sangha também paravam e admiravam o voo irregular para, em seguida, voltarem a andar. Minutos depois algum monge acariciava um capim alto e outro tocava levemente, com a ponta dos dedos, as pétalas de uma flor. Mais à frente um pequeno grupo do corpo monástico logo se avolumava parado de frente para um barranco observando a paisagem. Por fim, quando percebíamos, todos estavam em silêncio, apreciando os últimos momentos de visibilidade da lua. Os leigos também param e quando nos damos conta todos estamos olhando o luar. E assim como a lua que, diante de nós, se desfaz dando lugar ao Sol, a meditação termina e os monges seguem por caminhos diferentes para as primeiras atividades do dia.

O que a princípio poderia parecer uma falta de concentração daqueles praticantes se mostrava uma técnica, ou mais, uma visão de mundo transformada em atos. Enquanto na abordagem que descrevemos no início do texto, a intenção é se tornar um observador equânime de nossos processos físicos e mentais, para nos dissociarmos das dores e paixões que nos invadem e compreendermos que o eu no qual sempre acreditamos é múltiplo, fragmentado e em constante mutação, aqui o objetivo é se dissolver no ambiente é interser com a mariposa, a flor e a lua.

São abordagens diferentes em busca de um mesmo supremo objetivo, o fim do sofrimento. Como o sofrimento vem de nossas ânsias, repulsa e avidez, a primeira abordagem “ataca” o apego e a aversão, observando-os desapaixonadamente, podendo, ao final do processo, levar ao questionamento e à extinção da própria noção de eu. A segunda abordagem também percebe que sofrimento vêm da “sede”, da avidez, mas ataca diretamente o próprio “self”, pois uma vez que não haja um eu para desejar, não haverá um eu para sofrer. Da mesma maneira, quando nos sentamos em Shikantaza, desde o começo, buscamos eliminar um eu observador para que possamos expandir nossa atenção até que englobemos todo o zendô, e sejamos um com os pássaros que piam e com os cachorros que latem do lado de fora, com toda a vizinhança, com todo o cosmos…

Aqueles monges, discípulos de Thich Nhat Hanh, não estavam distraídos com mariposas e flores e nem estavam observando a paisagem e a lua, eles estavam se fundindo e confundindo com o mundo à sua volta, estavam cultivando o poético caminho de se saber interser, e estavam nos convidando a fazer o mesmo.

 

Texto de Thomás Rosa e Tamara Carneiro. Praticantes na Daissen Ji, Escola Soto Zen.

 

Referências:

Anapanasati Sutta: Mindfulness of Breathing –

https://www.accesstoinsight.org/tipitaka/mn/mn.118.than.html

BIKKHU, Thanissaro. What is Satipatthana? – https://www.lionsroar.com/dharma-dictionary-satipatthana/

_________. The Wings to Awakening: An Anthology from the Pali Canon. Dhamma Dana Publications, 2004.

CHAH, Ajahn. Just do It! – https://www.ajahnchah.org/book/Just_Do_It_1_2.php

LAMA, Dalai. Training the Mind: Verse 7.

https://www.dalailama.com/teachings/training-the-mind/training-the-mind-verse-7

GENSHÔ, Monge. Anatman. – https://www.daissen.org.br/anatman/

HANH, Thich Nhat. Transformação e Cura: O Sutra Sobre os Quatro Estabelecimentos da Mente Atenta. Ed. Bodigaya, 2009.

Satipatthana Sutta – https://www.acessoaoinsight.net/sutta/MN10.php

ZOPA, Lama. The Preliminary Practice of Tong-len

https://www.lamayeshe.com/article/chapter/tong-len-short-practice

[1] https://www.dalailama.com/teachings/training-the-mind/training-the-mind-verse-7

[2] https://www.lamayeshe.com/article/chapter/tong-len-short-practice

[3] What is Satipatthana? – https://www.lionsroar.com/dharma-dictionary-satipatthana/

[4] What is Satipatthana? – https://www.lionsroar.com/dharma-dictionary-satipatthana/

[5]  Just do It! – https://www.ajahnchah.org/book/Just_Do_It_1_2.php

[6] https://www.daissen.org.br/anatman/

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