Reflexões do Episódio 129 do Podcast Inédita Pamonha


Filósofo Clóvis de Barros

Nesta edição apresentaremos trechos de um episódio do podcast do filósofo brasileiro Clóvis de Barros, no qual ele discorre sobre uma única sentença retirada da obra O Acaso e a Necessidade, do ganhador do Prêmio Nobel de Medicina Jacques Monod. O que salta aos olhos ou aos ouvidos, no caso, de quem se propõe a ouvir os pensamentos do filósofo brasileiro é a semelhança com os ensinamentos budistas, na análise a respeito da relação do indivíduo e seu meio e o planeta Terra.

Clóvis inicia suas palavras com a apresentação da seguinte constatação de Monod: “O homem deve saber que a partir de agora ele se encontra sozinho na imensidão indiferente do universo no qual ele surgiu por acaso”. A partir desse ponto sobre a existência do humano, o filósofo passa então para um contraponto a respeito desta sentença que ele considera como desagradável, especialmente por conta do termo “sozinho”.

Então ele versa sobre a relação do homem com o planeta e com a natureza, a partir de sua filosofia clássica ocidental, citando Sócrates, Platão e os estoicos, para destacar que o homem não estaria só no mundo. Nesse sentido, quando ele argumenta esse ponto, suas reflexões, com a alteração de alguns termos e com um ouvido sensível, se assemelham profundamente com os ensinamentos budistas e com a forma que o budismo compreende a existência no planeta.

Nesse texto traremos algumas passagens do episódio, porém encorajamos que os interessados ouçam as palavras do filósofo e possam retirar suas próprias conclusões de possível relação entre os pensamentos de Clóvis de Barros e os ensinamentos budistas.

“Eu não sei se você já ouviu alguém dizendo eu sou o planeta Terra, porque aí o fato de você ter dois verbos diferentes é muito útil: uma coisa é você estar sobre o planeta Terra a outra coisa é você ser o planeta Terra.”

“Vamos imaginar então que você de modo revolucionário passasse a cogitar a hipótese de SER o planeta Terra. Claro você e o resto. Você é o planeta.”

“Marco Aurélio diz: todas as coisas estão unidas entre elas por um laço sagrado e nada existe sem relações com o que o circunda. Todos os seres estão ligados entre si, todos concorrem para a harmonia do mundo.”

“E esse mundo é um todo, é um só. É uma consciência de pertencimento a um todo vivo. Uma consciência cósmica de que nós integramos o todo.”

“Se eu integro a Terra, isso significa que sou a Terra. Se sou a Terra, a Terra vive em mim, a Terra vive por mim, a Terra vive por intermédio da minha vida. O mundo então vive em nós, nos convertendo em mundo.”

“Nós somos o planeta. Não somos a lua. É a Terra que se expande através de nós e encontra, beija, a lua. Por nosso intermédio”.

“Noventa e nove por cento das questões de ecologia estariam mais ou menos equalizadas se tivéssemos essa certeza.”

      

Liana Oliveira Lopes Borges. Auditora Fiscal do Meio Ambiente, praticante da comunidade zen budista Daissen Goiânia.

 

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