O Zen chega ao Japão – Parte 3

 

Mestre Dogen voltou para o Japão, em 1227, levando cópias de certos textos importantes da escola Soto Zen, muito embora tenha dito que regressou de ʺmãos vazias”. A essência fundamental do Zen, que ele agora ensinava, era que a prática ou atividade do dia a dia é a expressão da própria Iluminação. Por este motivo, começou a dar grande ênfase aos detalhes da atividade cotidiana, e encarou cada momento como uma oportunidade de expressar a gratidão pela natureza de Buda. Ganhou a reputação de se submeter a uma disciplina severa e de fazer críticas abertas às outras seitas budistas, inclusive ao Rinzai.

Em 1236 Dogen Zenji fundou seu próprio templo e sua fama de mestre começou a se espalhar. Hoje, ele é reverenciado como um dos maiores gênios religiosos do Japão. Mestre Dogen não tinha nada em comum com as lutas do poder aristocrático e militar do seu tempo e isso, combinado com sua insistência em afirmar que mulheres e homens eram igualmente capazes de realizar o caminho de Buda, fez da Soto uma tradição realmente sem classes.

Foge ao escopo deste livro fornecer uma pesquisa detalhada dos ensinamentos do Dogen Zenji; todavia, deve‑se mencionar que seu impacto sobre o Zen japonês foi incomensurável e nenhum discípulo bem-intencionado poderá desprezar sua obra.

Não estaremos exagerando se dissermos que, após a introdução das abordagens Soto e Rinzai no Japão, como escolas separadas, elas se desenvolveram e floresceram independentes uma da outra por quase 700 a nos. Se o vigor dessas escolas foi firmemente mantido, através dos séculos, é um assunto que envolve certa controvérsia.

Zenji Hakuin, por exemplo, é considerado por toda a parte no Japão como o reformador do Rinzai Zen, no século XVII, que estava naquela época se tornando bastante ʺinsípido”. Similarmente, os métodos de ensino do mestre Bankei separaram os sistemas tradicionais completamente.

 

Texto de Givanildo Taikan. Praticante na Daissen Ji. Escola Soto Zen.

 

Fonte: O livro de ouro do zen – David Scott e Tony Doubleday; tradução de Maria Alda Xavier Leôncio – Rio de Janeiro – RJ: Ediouro, 4ª ed. 2001.

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