Sesshin no Mosteiro
Noite clara,
Cheia de um ameno silêncio,
Pouco acima do horizonte a lua,
Alvejando as ondas que açoitam o costão, criando belos respingos de prata.
O bocejo do mosteiro engoliu os Senseis, os monges e os leigos.
Agora, buscando o descanso, sono e sonhos, é aguardar o sino do Shinrei,
Rompendo o silêncio da alvorada.
E, perante o busto de Buda, flores, velas, incenso, água, zabutons e zafus…
Sentados, encarando a parede,
Aguardamos um despertar espontâneo;
Como as barras da madrugada…
Poema de Cicero Camargo Jizo. Praticante na Daissen Ji. Escola Soto Zen.
Até o Mosteiro
Passo a passo os noviços sobem a montanha,
Antes que a neblina essas colinas tomem,
Cantam mantras, em um kinhin contente,
Sem perceber que suas sandálias inocentes vêm machucando alguma flor sem nome!
Poema de Cicero Camargo Jizo. Praticante na Daissen Ji. Escola Soto Zen.
Poema de Vida e Morte
A vida é como uma roda,
Que girando em torno de si mesma; dá a um eixo descentrado como eu,
A Ilusão de distâncias percorridas.
De onde terás vindo, vida?
A qual eu tenho a pretensão de dizer que é minha?
Partícula de alguma supernova perdida, vagando pelo infinito?
Sou semente;
Sou semente que chegou no tempo!
Pousei num ventre e desabrochei para essa existência!!
E agora que minhas sementes já soltaram sementes;
Sei que não se pode morrer nunca.
Mas se houver o evento morte;
Entro em estado de dormência, de espera;
Para tornar a ser um dia!!
Até não ser;
Até não me manifestar mais;
Até…
Poema de Cicero Camargo Jizo. Praticante na Daissen Ji. Escola Soto Zen.